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Ferraduras

Estou certa que se o Sr Fernando Pessoa vivesse agora, em vez do poema Tabacaria, escreveria um chamado Sapataria (e não, não é a freguesia prós lados da Malveira).
E claro, tinha que ser sobre uma pequena, asseada, que compraria sapatos para depois se queixar como só as fêmeas se sabem queixar, de que fazem dói-dóis atrozes.
Ora vamos lá a ver se eu entendo:
Sapatos são giros (alguns), caros (os giros) e fazem dói-dói. Há uma correlação entre estes factores. E é directa. Ora, porque será que seres querem gastar rios de dinheiro em objectos que as fazem sofrer, e se na maior parte das vezes raramente os usam, ou se é certo e sabido que at the end of the day vão andar a uivar? Porque o mulherio é uma raça um bocado estúpida. Se não era muito melhor ténis. Ténis todos os dias. Uns pretos, uns cor de rosa, uns castanhos, uns verde alface. Ténis. Não muito caros, confortáveis, todo o terreno. Acabavam-se com as desculpas, ah atrasei-me, sabes, com estes sapatos...ah, não consigo andar mais depressa. Ah, torci a patinha.
Não consigo perceber. E também não entendo o número de equilibrismo que muitas fêmeas fazem para andar nas alturas. Jeez. Mas para quê, senhores? E senhoras. É masoquismo? Ah bom.
Uma vez disseram-me que se mede o grau de cabrismo duma fêmea pela altura do seu salto. Sou obrigada a discordar. Tenho-me como a maior cabra da região (ultimamente com laivos de hipopótama), e o máximo em que me consigo empoleirar são uns 5cm, e é para ir deitar o lixo à rua.

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