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Da nobre arte de bloggar

Antes de ter um blog escrevia um diário. Não era diário mesmo, porque não escrevia todos os dias. Era um caderno A6 onde iam lá para as neuras. E fotos, e bilhetes de sítios giros onde fui, e papéis e etc. Não tinha cadeado. Acho que foi vilipendiado numa das casas por onde passei. Nunca o dei a ler a ninguém, se bem que já mo tivessem pedido. Depois comecei a namorar e perdi o tempo e a necessidade para aquilo. Ainda tentei mas nada. Já não surgia.
Eis que algum tempo depois me decido virar pró Blogger. Poucas pessoas sabem deste blog. Antes deste tive outros, que duvido que alguém tivesse visto e agora estão semi enterrados. O que me move não é o número de visitas. Gosto do feedback, mas principalmente porque vem de gente que conheço, admiro e respeito, e não do Zé duma esquina qualquer que foi ver a Soraia Chaves ao Youtube e veio aqui parar por obra e graça do Google. Não me interessa andar a publicitá-lo, porque vinda eu de um meio pequeno já sei do que a casa gasta, e se quando eu saio à rua pessoas que estão na Póvoa do Varzim ficam a saber, imaginem esta pequena parte da minha existencia aqui espelhada, o naco que não deveria ser para aquelas alminhas.
Um dos meus maiores receios é a minha irmã descobrir. Ou a besta do meu primo. Ou primas, que acho que também já estão grandes. Ui, o que não seria. Porém, acho que não o fecharia. Não acabaria com isto, que é meu e é um desvaneio. Não escrevo mentiras. Nem falo deles.
Isto tudo para dar um conselho à senhora fadista: é triste, mas desistir é próprio dos fracos. Não vivemos no escuro. Não escreveste nenhuma mentira. Tudo bem, sentes-te mal com isso, eu também sentiria. Mas acabar é bué: ganharam, fiquem lá com a bicicleta. Há mais formas de preservar a anonimidade. Eu gosto de ter ler. E tu gostas de escrever. Pensai bem nisso.

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