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Para onde vai a memória das pessoas que morrem?

É mentira dizer que perdura nos que cá ficaram.
Não.
Porque há todo um mundo que só ela sabia. Ninguém a conheceu verdadeiramente bem. Nem ela.
O desperdício de cérebros. De experiências e saber que fica lá para sempre encerrado, perdido. Como um disco rígido que ardeu. Um arquivo que emperrou.
Tantas coisas por contar. Tantas experiências por partilhar. Tantos livros por serem escritos. Conta-me as tuas músicas preferidas, o que sentiste quando foste a esta rua pela primeira vez, o que querias ser quando eras pequeno, o que afinal nunca arranjaste tempo para fazer. Pensaste sempre que tinhas o amanhã, mas esse amanhã pregou-nos uma partida.
Tudo o que sou hoje devo-o a ti, e contudo penso que seria uma pessoa tão melhor quanto mais tempo tivesses cá ficado. Deixaste-me demasiado cedo.
Mas obrigada pelos livros, pelos discos, pelos albuns de fotografia, pelos escritos que deixaste.

Fazes-me falta. Tanta

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