Na relva está-se bem. Imaginar-te uma vida a meu lado é exaustivo. Apesar das formigas. Tanto porque tu não percebes nada.E das outras pequenas criaturas que por aí possam existir. Dizes coisas cegas, tão cegas. É aflitivo pensar que as poderemos estar a esmagar. Coisas essas que retiram a vontade.E que, se fossemos budistas e acreditássemos, poderiam ter sido a nossa mãe numa vida anterior. Se calhar é um problema de perspectiva.Ou pai. Se calhar é um problema de exigência.E se deixarem nódoas na roupa? Ou até de paciência.E se picarem? Talvez devesses olhar melhor para ti, à luz dos conhecimentos básicos, da moral e dos bons costumes, e ver que afinal não és tu que estás certo, e que há coisas que são um perfeito disparate, e que o que temos não chega, e acho que não há solução.
Bem, não podemos pensar nisso. Ou então sou eu que estou errada, tão errada, e cega, tão cega. Estragamos assim o dia, que se quer passado deitado na relva. Quero o que não estou destinada a ter, o que nestes termos é impossível de alcançar.
A olhar para o céu com nuvens. Eu penso demais.E a ver os caules das tulipas. Eu preocupo-me demais.As tulipas propriamente ditas não. Mas eu sou assim, nada feito.Apenas os caules, as nuvens, o céu. Não se altera um quarto de século de um dia para o outro.Só. Ah pois. Carpe diem. Bingo.