Santa Benedita Apolónia de Ofélia ergueu-se do seu leito. Apetecia-lhe sushi, mas o sashimi ocasional causava-lhe repulsa. Pensou se não estaria prenha; não credo, que palavra mais vil e imunda, de esperanças antes; mas se assim fosse os doces prazeres da existência, fossem eles peixe cru ou degustar um bom conhaque, ficariam negligenciados durante o tempo que durasse a gestação. E depois haveria que alimentar a pequena criaturinha berrante, que horror, não não nem pensar. Lady Ludovina Natércia saberia o que fazer. Mandou um e-pombo à sua pseudo-consorte, convidando-a para o chá. Fez o bolo de chocolate, e preparou chá Lipton para o repasto. Lady Ludovina Natércia chegou, à hora marcada, mandando vir contra a higiene dos passeios. Mandar vir era o passatempo preferido de Lady Ludovina Natércia. Tudo era claro devido à luz que entrava a jorros na sala branca, com estuque e janelas grandes que davam para uma rua sem árvores. Sentaram-se no canapé às risquinhas e conversaram sobre banalidades banais, como as são o tempo, a precepitação, a úlcera do senhor Malaquias, o chapéu da Dona Clotilde. E quando finalmente pararam porque o assunto se esgotou, pensaram nos livros que ficaram por ler, nos passeios que ficaram por dar e da vida que ficou por viver. Há bastante metafísica em tomar chá.
E Santa Benedita Apolónia de Ofélia não estava grávida, pois a semente não entrou em contacto com ela. Vá-se lá saber porquê.