A dada altura, olha-se para trás e amaldiçoam-se certas escolhas. A dada altura olha-se para a frente e congratula-se por certas escolhas. A dada altura pára-se a meio de uma conversa-se e pensa-se que ainda se vai a tempo de voltar à esquerda. E aí vê-se como se estava enganado. Tão cego. Mas ainda há tempo. Mas não se quer voltar atrás; admitir que se errou. Chocamo-nos com os erros, comentamos e fechamos os olhos aos nossos próprios.
No dia em que se parece achar que ainda "temos" um longo caminho a percorrer, fui passear num bosque e apanhei amoras. Percorri trilhos em busca de um coelho atrasado que não veio porque era imaginário. Tu estavas lá e rimos juntos e vimos o rio enquanto contemplávamos o futuro que tarda em chegar. No dia a seguir fizeste-me falta enquanto o baile prosseguia e eu não tinha par porque ele não encontrou o caminho a tempo. As fêmeas nos seus vestidos rodados não me deixavam esquecer que estava sozinha e nem o mar me soube sussurrar que iria passar. Acenaram com a corda e depois puxaram-na quando a ia agarrar. Doeu a aterragem na dura e clara realidade; que só serei minha daqui a muitos anos e que mesmo aí não saberei se haverá uma ficção.
No meio do chá constatei que, apesar de as chávenas estarem rachadas e sujas de pó, não teria preferido que fosse de outro modo e que fazes falta e foi o melhor que aconteceu e que tudo tem um porquê e talvez sim, sejas o meu sentido; eu pólo negativo, tu pólo positivo.