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PDA

Deve ser a coisa mais deprimente, um bando de desgraçados juntos à volta de um relógio, com álcool na mão, à espera de 12 badaladas, a engolir passas mesmo que se odeie, às vezes com pessoas com quem nem se gosta de partilhar uma viagem de metro do Campo Pequeno ao Saldanha, quanto mais. Manifestações da necessidade humana de acreditar que não levam uma existência tão patética assim. Uma noite como outra qualquer onde apenas se muda um dígito no ano. Às vezes mais.
Aos que ainda se dão ao trabalho de me convidar,obrigado. Talvez um dia eu tenha a liberdade de descobrir esse fascinante mundo das passagens de ano. Aos que acham que já não vale a pena, obrigado também. Também vou deixar de fazer coisas com vocês, porque acho que também não vale a pena. Aliás, se há alguma coisa que esta época estúpida que, felizmente, sexta-feira termina, nos ensina, é não fazer pelos outros aquilo que já sabemos que eles não fazem por nós. Apesar de não lhes custar nada, pura e simplesmente não merecemos o trabalho.
Até eu ter liberdade para decidir se quero jantar, se falo, se emito opiniões sobre um raio de um filme quando me apetece estar calada, se me visto de preto ou de encarnado, se uso calças ou saia, se saio agora ou daqui a 3 minutos, acho que a melhor companhia para esta noite fatídica é mesmo a minha.



Interpol, PDA.

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