Não sei por que hoje não estava bem. Uma sensação horrível: não sei o que tenho, não sei o que quero. Estou perdida. O que há a fazer é dissecar. Pensei em todas as hipóteses, no passado, no presente e no futuro. Escolhi o curso e a faculdade porque não concebo estudar noutra cidade que não Lisboa (talvez Évora, mas seria pouco para a minha avidez por recantos e novidades- uma vez tudo descoberto, onde é que me perderia?), queria Medicina Legal (muito antes de haver CSI'S), a ideia de justiça agradar-me-ia, a retórica, a luta por um mundo mais igual, e sobretudo, porque estou sempre a refilar, a argumentar, a dizer mal de tudo (e talvez de todos, eu sei, sou má e mereço arder no fogo do inferno). Hoje tive dúvidas, mais uma vez. Sei que "justiça" será na faculdade da frente. Igualdade também, ou não fosse vedado aos alunos da turma A poder ir à casa de banho, fumar (isso eu concordo!), ter mais que um código (também) e não escrito, no exame de Teoria Geral do Direito Civil, enquanto que os alunos da turma B e do turno da noite até dossiers levavam para os lugares (fora as saídas constantes e as diferenças notórias de estrutura de exame, e até no tempo). Por que razão etsou eu assim? Talvez porque aquela cadeira que eu tencionava dispensar não dispensei (ao contrário de toda a gente). Talvez porque eu já sei o que vai acontecer, e sei que talvez não consiga fazer as 4 cadeiras necessárias para prosseguir. A culpa é minha. Mas o ano até tinha corrido bem. Não quero apanhar Bolonha. Não quero ficar outra vez sozinha, agora que até suporto ficar na faculdade, agora que tenho com quem falar, rir, partilhar, contar. Tenho medo.