Em oito meses posso vir a morrer de cancro.
Posso emigrar.
Posso ficar em coma.
Posso, enfim, morrer de morte matada.
Posso ficar insolvente.
Posso começar um curso qualquer que não me deixe sair à noite.
Porém, cá cantaram. À meia noite e escassos minutos, com 8 meses de antecedência, um bando de tarados comprou bilhete para o Michael Bubble.
Na pior das hipóteses, vende-se plo dobro do preço, porque estão quase a esgotar.
É a crise, sabem.
Com 8 meses de antecedência.
Bad movie. Bad.
Uma desilusão completa que não valeu o esforço de partilhar a última fila com um chinês/japonês que mal a sala escureceu sacou dumas minis e dum pacote de batatas fritas e ala que se faz tarde. Não vou falar das regorgitações baforentas que saíram daquela boca, nem da parte em que eu me apercebi que as patinhas dele estavam onde não deviam. Porque afinal o filme apelava a isso.
Quem leu o livro fica com vontade de chorar. Isto se não for tarado e gostar de ver jovens meretrizes de seios ao léu e afins. Demasiadas na minha opinião. Estragaram a história ao inventarem demais. Que nojo. Quase nada tem do Dorian Gray de Oscar Wilde.
Podia eu falar sobre como a Media Markt ou lá como se escreve, parecia a Declaton com tantas tendazinhas montadas cá fora. Ou do gozo que fizémos a imaginar o dilema emocional de fans acampados há semanas no PA a decidir se lhes tocavam numa sessão de autógrafos ou se apanhavam com o suor deles ao vivo. Ou das pitazinhas a chocarem-se com o visual ultra femme do Billyzinho. Cá para mim vão virar todas lésbicas.
Podia eu falar do clima de terror que se vive no meu pseudo local de trabalho.
E em de como eu deprimida tenho andado. A equacionar mortes atrozes sem cadáver.
Mas como ninguém quererá saber de tão triste sina, limito-me a dizer que vivo como um robot. Sim, eu vou a museus, a feiras medievais, a festivais, a concertos, ao cinema, encontro-me com pessoas, sou um ser social. Porém morto e vazio por dentro. E quiçá por fora.