Pois que ela é que saberia o que fazer com a sua existência, mas no fundo até pareceria que não.
Que ela não podia ter gostos e quereres próprios; ponteiro dos segundos deste grande relógio compassado é tudo o que lhe será permitido.
Nada do que ela faz está certo, nunca obteve uma aprovação.
Vontade está mais do que provada, seria a de fugir para algures bem longe, quiçá Noruega ou Patagónia, que o mundo é tão grande que lá não a iriam procurar, quanto mais encontrar. Ela não quer viver os segundos que lhe faltam subjugada pelas leis duma física qualquer inventada consoante o interlocutor. Ela quer selar o pacto com o medo, a raiva, o ódio e até com a impaciência crónica. Ela quer que a deixem estar em paz, nem que seja indirectamente.
Por fim, ela ao certo já não sabe o que quer.
Não sei onde entrou aqui o Eramo (será o solo acompanhado de piano?!), mas sei que são momentos destes, em que num bar heavy o entusiasmo falou mais alto, que recordamos por muito e muito tempo.
Por isso, que a curva descendente continue a ser tradicional como uma boa mãe de família que faça surgir a luz no fundo do túnel.
E que a caneca nunca falte, claro.
Nunca este blog desceu tão baixo em matéria de gosto musical. As minhas desculpas sinceras e humildes.
Interregno longo à parte, que quanto mais acontece menos apetece escrever.
Serei eu a memória do que nunca aconteceu?
Eis que no fim tudo fica claro:
há que chegar ao quinto ano de frequência do antro, para estar em primeira época descansadinha e sem esforço nenhum. Deveria estar menos apática do que o que estou. É certo, nunca estou contente. A felicidade é um estado de espírito ou uma busca utópica pelo inalcançável?
Mais uma vez, o sentido da existência a baralhar as voltas. O inferno são os outros. Mas às vezes são os outros que evitam que nos tornemos o nosso próprio inferno.
Tudo o que aconteceu teria que acontecer, estava metafisicamente escrito.
Mas eu não acredito em metafísica.
Tenho saudades do tempo em que brincava com bonecas (e gostava).