A semana passada empreendi uma quest pessoniana. Ou seja, in spite of calor pegajoso, lá fomos nós, do Chiado a Campo de Ourique, passando pelo Príncipe Real e pela Estrela, a pé pois claro. Chegados à Rua Saraiva de Carvalho, após árdua subida de uma das colinas de Lisboa, tive a sorte de ser presenciada com comida de pombo. Eu que adoro pombos. Eu que me desviei do MONTE deles que estava no meio do passeio. Ora, os pombinhos tavam a almoçar. E eu levei com o almoço deles em cima, literalmente. Atirado por uma velhinha caridosa. Baril. Bagos de arroz cru (graças por estar cru!). DOEU, ficou preso no cabelo, na roupa, DENTRO da roupa, enfim. Ah e tal,desculpe lá. Humpf. Rua Ferreira Borges acima, até darmos com a Rua Coelho da Rocha. Ora, sabia lá eu que aquilo continuava para o lado esquerdo, lol. E pronto, eis que após percorrermos o lado errado da tal rua vezes sem conta e após estarmos na ponta errada e irmos perguntar, lá damos com a casa do Ser. Casa essa que tem um significado muito especial para mim, uma vez que o meu avô morou nessa rua, foi vizinho do Ser, lembrava-se da tia dele lhe falar e de o obrigar a falar ao "senhor escritor". Desde pequena que vou a Campo de Ourique, e agora o regresso soube bem, aos tempos em que andava de baloiço no parque da padeira de Aljubarrota, em que ia à livraria-papelaria lá da esquina ver as últimas novidades em bonecas e livros. Pois ainda lá estão os mesmos baloiços, a estátua, a mesma livraria, mas há muitas seringas no chão. Anyway, chegádos à casa do Ser, a porta encostada convidava a entrar. Entrámos a medo. Nada. Esquerda, direita, vemos placa recepção. Lá vamos. Nenhum panfleto, nenhuma indicação, senhora recepcionista (?) muito embrenhada em conversa telefónica...Lá partimos nós para a exploração. Oh, que desilusão. Há o quarto de Fernando Pessoa, mas limita-se a 2 estantes com livros (espero que pelo menos tenham sido dele), a sua máquina de escrever e um retrato a óleo. O resto limita-se a duas salas reservadas à Administração (como é que aquilo requer tanto espaço para administrar, eu não sei), uma sala tipo auditório com cadeiras e um piano de cauda, uma sala de exposição e a biblioteca, com alguns pertences do Ser e o famoso quadro de Almada Negreiros. Ao tirar foto de uma frase na parede de entrada, oiço de um segurança. Desculpe, não sabia, não está nada escrito a avisar. Em compensação, à entrada da biblioteca pediam para deixar malas e afins na recepção, e quase que se implora para isso ( pseudo-recepcionista ainda embrenhada noutra conversa telefónica ), segurança lá guarda mala. Eu tenho ataque silencioso de raiva, porque outros seres entram na biblioteca de MOCHILA e a tirar FOTOS a tudo e ah pois, ninguém lhes diz nada. A pérola é que se não fosse uma alma caridosa a passar ali por acaso ainda hoje estaríamos feitos parvos a olhar para a porta da biblioteca, porque senhora pseudo-bibliotecária tava mais interessada no pc que em utentes. Para finalizar, quando voltamos à recepção pedir mala e pedir para ver livros (sim, lá vendem livros com 15% de desconto, é aproveitar), a recepcionista sabia menos que eu, e pediu-me para ver os indíces dos livros para ver o que tinham e ela poder responder as pessoas porque não tinha paciência. Também não tinhamos mais que fazer...A senhora até foi simpática, deu um postal e um autocolante "porque já vi que gostam de Pessoa e são boas pessoas, e etc". Ah, e a edição com capa dura da Mensagem, último exemplar, que estaria guardado para "alguém especial". Depois deste testamento, dúvida: porque será que uma pessoa mais interessada em usar o telefone da instituição e que nem se dá ao trabalho de conhecer o que está a vender estará naquele cargo? Custará muito ler índices? HUM...
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